Quando entrei no avião e reencontrei os amigos, atletas de diferentes estados do país, foi aquela vibe massa, uma positividade que contagiou todas as pessoas na aeronave. Tiramos muitas fotos e lembramos de outros eventos em que estivemos competindo juntos. O tempo fechado não estava dando condições de vôo para nossa aeronave, e só depois de uma hora e meia de espera e de mais longos 55 minutos (risos), comecei a ver, da poltrona, a vista irada do arquipélago. Parei um pouco, olhei para os passageiros e vi que todos estavam se espremendo para olhar pelas pequenas janelas, tão adrenalizados quanto eu.
Enfim pousamos... Uma parada para agradecer: obrigado senhor! Coloquei o pé direito na ilha, woohoo! Que momento, nunca vou esquecer! Quando cheguei deu vontade de sair correndo pra água, mas como o sol já estava indo embora e tinha que achar a pousada, não deu tempo de dar essa caída. O treino ficou para o dia seguinte e o despertador ficou programado para 03h45... Fiquei contando os minutos para ele tocar (risos). Chegando na Cacimba do Padre fui recebido por uma série no canto do Morro Dois Irmãos, daquele jeito! Detalhe: não tinha ninguém na água; Era tudo meu naquele momento (risos), só deu tempo de um rápido alongamento. Passei o dia treinando, aprendendo a cada remada e pegando o time da onda. Entrei na água quatro vezes: duas pela manhã e duas pela tarde (a instiga era grande) e, depois de um dia irado, fui direto para a pousada preparar uma macarronada daquelas e descansar. Na manhã seguinte, às 09h, fiz o check-in no campeonato.
Chegou a hora de estrear no NABBPRO Noronha Ambiental Bodyboard Pro, que esse ano passou a seguir o novo formato do Circuito Mundial, onde os atletas do evento principal competem entre si e com mais quatro atletas das triagens. No geral, todos competem três baterias e somam pontos. Esse formato é simplesmente animal.
Na primeira bateria fiquei tão instigado para entrar na água, que me atrapalhou um pouco. Mas depois que a buzina tocou, fui fazer meu trabalho e representar a bandeira da Paraíba. O mar não colaborou muito e as ondas não apareceram. Eu tinha cronometrado o tempo das séries, mas com a mudança da maré, as ondas me pregaram uma peça e terminei esperando muito tempo. Nada de onda ... Quando faltavam 9 minutos para o fim da bateria foi que comecei a pegar umas ondas e entrei na disputa.
Já na segunda bateria, entrei mais confiante e concentrado. Apresentei um surf bem melhor em relação à primeira. Na última bateria antes da fase homem X homem, fui com tudo... Era tudo ou nada. Trinquei os dentes e sangue no olho, pois o mar estava no seu ápice com ondas em torno de 1,5m e séries constantes e tubulares. Posso dizer que foi o melhor mar que já competi. A escolha de onda era muito importante naquele momento, porque a arrebentação estava um pouco chata e só tinha monstro na água. Peguei duas ondas grandes, coloquei pra dentro e não saí. Foi quando eu disse pra mim mesmo “tenho que escolher a boa”. Esperei mais um pouco e veio aquela onda, fui pra cima (era um triângulo animal), segurei o drop o máximo que pude, e vi que não ia rodar o tubo. Aí acelerei e mandei um ARS muito alto, chegando a quicar na volta. Massa, entrei na bateria! Quando estava chegando no outside percebi que vinha outra serie, foi isso mesmo que aconteceu. Remei para a segunda onda, e já sabia que seria um “tubo animal”. Fiz uma boa cavada, coloquei no trilho, passei duas sessões e saí... Foi um dos meus melhores tubos e uma das minhas melhores ondas na competição. Por menos de meio ponto não avancei para a fase seguinte, terminando em 7º lugar. É isso aí, dever cumprido! Ano que vem, se Deus quiser, estarei lá representando a nossa terrinha e dando trabalho para a galera.
Por conta do foco no campeonato, não explorei muito a ilha, mas espero poder falar mais sobre o paraíso da próxima vez. Na real, foi um sonho realizado que eu pretendo repetir sempre que puder...



